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quarta-feira, 31 de março de 2021

Pelas costas do "arruaceiro"


Não bastasse a situação alarmante que estamos enfrentando nas últimas 24 horas, onde o Brasil encerra o pior mês da pandemia de Covid-19 com novo recorde de 3.950 mortes, ainda temos que assistir outra crise. Agora o entrave é com militares, deixando o negacionista Bolsonaro mais isolado e distante do Exército. 

Entre desatinos, o brilhante jornalista Reinaldo Azevedo tem dado sensatez à insensata política brasileira, por meio do programa "O é da Coisa" da Rádio Band News FM. Para quem ainda tem dúvidas, nesta terça-feira, 30, Azevedo elucidou um histórico sombrio do egóico presidente e, para não passar despercebida, faço questão de compartilhar a transcrição da análise feita por ele:   

"Quem criou crise militar? Um capitão arruaceiro que, quando era da ativa, planejou explodir algumas bombas por questão de reivindicação salarial e fez um croqui para explodir a adutora do Guandu, no Rio de Janeiro. Acabou sendo salvo no inquérito policial militar da PM, mas teve de deixar o Exército. E aí passou 28 anos na Câmara dizendo irrelevâncias, irrelevâncias grotescas, agressivas. Deveria ter sido punido lá. Chegando à presidência da República, sem que haja oposição articulada contra ele, porque a oposição estava zonza, tendo um presidente da Câmara que estava levando adiante a reforma da Previdência, passou a participar sistematicamente de atos em favor de um golpe militar: fechamento do Congresso e do Supremo isso é golpe militar. E participou desses atos até a prisão de Fabrício Queiroz. Aí ele parou.

Quando Flávio Bolsonaro se livra dos seus problemas no STJ, pelo menos por enquanto, volta o discurso golpista. E agora, para fazer o marketing do terror, resolve fazer uma intervenção nas Forças Armadas, que ele queria a cabeça de Edson Leal Pujol, comandante do Exército. Fernando Azevedo e Silva [general do Exército e ex-ministro da Defesa] disse não, então ele demitiu também o Fernando Azevedo e Silva, o oitavo general. Demitidos os generais, sempre com rituais de humilhação, o que o Contardo [Calligaris - renomado psicanalista falecido recentemente] explicaria muito bem, porque um capitão arruaceiro e mal sucedido no exército, parece ter prazer especial em punir militares de alta patente, que chegaram ao topo da carreira. E, na verdade, por enquanto, o que aconteceu foi que os três comandantes, o Pujol é claro que entregou o cargo porque ele sabe que é o alvo, o Ilques Barbosa, comandante da Marinha, e o Antônio Carlos [Moretti] Bermudez, comandante da aeronáutica, todos eles falaram 'tá bom, entregamos o cargo', indicando que estão unidas essas forças, as Forças Armadas, sem risco de intervenção até onde se sabe. Até porque, que fique claro, ontem muitos articulistas de esquerda [diziam]: 'olha aqui precisa tomar cuidado sob pretexto de ser duro com as forças armadas, meu querido. Vamos tomar cuidado para não naturalizar golpe de estado, viu?' [...]

Cuidado: estado de defesa e estado de sítio precisa da concordância do Congresso, mas leia a Constituição. Existem pré-requisitos para isso. Se os pré-requisitos não estão dados, tudo o que está na Constituição tem controle de constitucionalidade do Supremo. Não basta o presidente querer decretar estado de defesa, ter maioria no Congresso e decretar estado de defesa, se não houver razão para isso. Hoje estado de defesa é contra os cadáveres para impedir governadores de medidas restritivas para haver força de intervenção nos estados, mais o Distrito Federal? Haverá expedições entuchando cloroquina nos hospitais? Qual é a razão? Por que estado de sítio? Por que estado de defesa? Onde é que está o risco de desordem? Onde é que está o risco de falência das instituições? A não ser esse morticínio em massa no país.

Senhores militares, mesmo aqueles que estão sonhando com aventuras, leiam este comunicado importante [comunicado de falta de insumos para intubação feito pela Santa Casa de Misericórdia de São Carlos-SP]. Vocês conseguiram se livrar 57 anos, amanhã, do golpe militar de 1964. Vocês tinham conseguido reconstituir reputação. Resolveram atravessar a rua para fazer política. Ainda há tempo de tentar reconstruir tudo isso o que está sendo esgarçado: reputação."

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