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sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Jô Soares desabafa contra a Globo - Troféu Imprensa 87

Direto do túnel do tempo, o artigo "Agora falando sério", publicado por Jô Soares no ano de 1988, critica a oligarquia e monopólio da Rede Globo de Televisão. O texto serve para deixar claro como a mídia televisiva tem total influência na vida das pessoas, principalmente a dos brasileiros. Confira o que ele publicou no "Jornal do Brasil", justamente no ano em que nossa atual Constituição Brasileira foi promulgada:

Em 1947, os grandes produtores de Hollywood se reuniram no hotel Waldorf-Astoria, em Nova Iorque, e resolveram que artistas com pendências políticas em desacordo com os ideários não trabalhariam mais em filmes. Surgia a lista negra e a consequente caça às bruxas. Em pouco tempo, não somente radicais ou liberais eram perseguidos; qualquer artista que desagradasse aos chefes de estúdio era listado e não conseguia trabalho.

Com impecável senso de oportunidade, a TV Globo escolheu exatamente o momento da Constituinte no Brasil para inaugurar sua lista negra. Quem sair da emissora, sem ter sido mandado embora, corre o risco de não poder mais trabalhar em comerciais, sob a ameaça de que estes não serão lá veiculados.
Como a rede detém quase o monopólio do mercado, os anunciantes não ousam nem pensar em artistas que possam desagradá-la.

Neste ponto, alguém pode achar que estou falando por interesse pessoal. Garanto que não.
Não falo pelo fato de os meus comerciais não poderem ser exibidos, nem pelo fato mais recente, das chamadas pagas do meu novo espetáculo no Scala 2, "O Gordo ao vivo", terem sido proibidas. Sou um artista muito bem remunerado e meus espetáculos têm outros meios de divulgação. Graças a Deus, meus shows de humor já lotavam teatros antes que eu fosse para a Globo.

Que as chamadas de "O Gordo ao vivo" não passariam na emissora eu já sabia, desde outubro, pelo próprio 'Boni', que me disse em sua sala quando fui me despedir:
- Já mandei tirar todos os seus comerciais do ar. Chamadas do seu novo show no Scala 2, também, esquece. Estou vendo como te proibir de usar a palavra 'gordo'. - claro que esta última ameaça ficou meio difícil de cumprir: a megalomania ainda não é lei fora da Globo.

Logo, não é por isso que escrevo pela primeira ver sobre esse assunto. Saí da Globo, onde conservo grandes amigos, com a maior lisura e nunca me aproveitei deste espaço, ou de nenhum espaço, em causa própria. Escrevo, isso sim, porque atores que trabalham no meu programa, como Eliéser Mota, como Nina de Pádua, foram vetados em comerciais. As agências foram informadas, não oficialmente, é claro - como acontece em todas as listas negras - que suas participações não seriam aceitas.

É triste, nesse momento, em que se escreve diariamente a democracia no Congresso, que uma empresa que é concessão do Estado, cerceie impunemente o artista brasileiro, de um modo geral já tão mal remunerado.

Finalmente, eu gostaria de dizer que Silvio Santos foi tremendamente injusto quando chamou 'Boni', numa entrevista, de "office-boy de luxo". Nenhum office-boy conseque tanto rancor no coração.





O discurso é histórico. Será que as palavras de Jô Soares ainda prevalecem?

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