Esforço

Como custa ao ser humano as perdas que a vida lhe reserva. Ainda mais tratando-se de pessoas amadas, queridas. Por outro lado, tais situações desfavoráveis às nossas vontades são capazes de potencializar e revelar nossos próprios valores.

Exemplos melhores não poderiam vir, senão da própria natureza: o aperto da lagarta num casulo. O risco de cair de um precipício com o bater das asas de um gavião filhote. O derreter do ouro e da prata com o calor de uma fornalha. Aperto, cair, derreter são palavras pertinentes ao processo de evolução. Os valores tornam-se evidentes a partir dos desafios, vulnerabilidades e devem ser superados. Essas comparações, que aqui exponho, servem para nos deixar claro que tanto a lagarta, quanto o gavião, o ouro ou a prata não devem ser vítimas de si mesmos.

Se a lagarta ficar no lamento do aperto e anular o processo que lhe cabe, deixará de cumprir seu papel de exuberante borboleta. Se o gavião filhote acabrunhar suas asas, deixará de voar para ser mera ave, sem enxergar além do infinito. Do mesmo modo, o ouro e prata: se recuarem às altas temperaturas, não serão revelados seus quilates.

                                  Foto: André Lossio

Portanto, não anulemos nossas funções, muito menos sejamos vítimas de nós mesmos. Quando nos limitamos, multiplicam-se os problemas. Eles só existem porque pendem a soluções. Todos querem a felicidade, diga-se de passagem. A plenitude da felicidade consiste na capacidade de se renovar a cada dia. E é nesse sentido que devo fazer: exprimir, em palavras, a dor da transformação com a esperança da evolução. Para todo esforço há fruto.* Cabe-nos o esforço!




* trecho bíblico Provérbios 14, 23