A Escola Municipal de Administração Pública de São Paulo (EMASP) realizou, nesta terça-feira (02/12/2025), mais uma etapa do curso Soft Skills – Formação em Liderança Pública de Alta Performance. A segunda aula, conduzida pelo palestrante e PhD Paulo Vieira, aprofundou o papel da Inteligência Emocional (IE) na tomada de decisões, na liderança e no desempenho humano, combinando neurociência, comportamento e práticas concretas aplicadas ao serviço público.
Eu estive presente no primeiro e no segundo encontro, que retomou conceitos apresentados anteriormente, como o Método CIS (Coach Integral Sistêmico), a reprogramação de crenças e a plasticidade neural. De forma didática, Paulo explicou que experiências, reais ou imaginadas, moldam circuitos neurais e, consequentemente, comportamentos. Segundo ele, liderar bem começa por organizar a própria vida emocional.
Mitos, verdades e o que a ciência revela
Paulo Vieira desfez quatro mitos amplamente difundidos sobre Inteligência Emocional. Entre eles, a crença de que IE se resume ao autocontrole e a ideia ultrapassada de que emoções devem ser “deixadas em casa”. Paulo destacou que a razão pode orientar decisões, mas é sempre a emoção que conduz à ação.
O palestrante também ressaltou que emoções como raiva, tristeza, medo ou insegurança não devem ser vistas como inadequadas, mas sim como respostas legítimas ao contexto. O que determina se uma emoção é construtiva ou destrutiva é a sua adequação — emoção certa, no momento certo, com a intensidade certa.
Razão e emoção: o confronto que explica escolhas humanas
Em uma sequência de exemplos, Paulo revelou como a razão frequentemente perde espaço para respostas emocionais profundas. Embora a pessoa saiba racionalmente que precisa parar de fumar, economizar ou melhorar a relação com os filhos, é a emoção — necessidade de aceitação, sensação de poder ou desejo de acolhimento — que determina o comportamento final.
A tese é clara: mudanças cognitivas são lentas e frágeis, mas mudanças emocionais têm impacto direto e duradouro. “É a emoção que nos leva a não agir, a agir certo ou a agir errado”, pontuou.
A inteligência emocional no centro da família e da sociedade
A aula trouxe ainda uma perspectiva cultural e educativa sobre o tema. Paulo lembrou que o córtex pré-frontal, responsável pela autorregulação, só se desenvolve completamente por volta dos 21 anos. Por isso, a formação emocional começa em casa — e pais que não estabelecem limites criam adultos frágeis, ansiosos e com dificuldades de adaptação social.
Para ele, impor limites é uma demonstração de cuidado: “Limite é estrada. É o que garante que alguém saia do ponto A e chegue ao ponto B.”
Experiências que transformam vidas
O encontro reforçou as sete experiências fundamentais que, segundo o palestrante, moldam pessoas emocionalmente saudáveis: pertencimento, importância, conexão, limite, generosidade, crescimento e missão. Esses pilares são, ao mesmo tempo, ferramentas internas e práticas cotidianas de liderança.
Paulo defendeu que líderes capazes de sistematizar boas memórias — celebrações, reconhecimentos, momentos de acolhimento — constroem equipes mais resilientes, motivadas e produtivas.
A síntese do sucesso humano
Ao final, Paulo Vieira resumiu sua visão:
“Nada é mais importante do que a Inteligência Emocional. Quer ser feliz? Inteligência emocional. Quer prosperar? Inteligência emocional. Quer saúde, família equilibrada, carreira forte? Inteligência emocional.”
A aula encerrou com uma dinâmica em grupos sobre nível de IE, perdas causadas pela falta desse recurso e como a vida pode se transformar quando a Inteligência Emocional é restaurada.
O curso é mensal e segue até abril de 2026, reforçando a proposta da EMASP de investir em líderes públicos mais conscientes, preparados e emocionalmente maduros — porque, como destacou o palestrante, onde há ser humano, há experiência; e onde há experiência, há emoção a ser conduzida.