A este respeito nos diz o Estudo da CNBB nº 79 “A música litúrgica no Brasil”, em seu nº 258: “Para poder exercer sua função ministerial junto à assembléia, o coral se poste de tal forma, que fique próximo aos fiéis na nave, à frente, entre o presbitério e a assembléia (à direita ou à esquerda), sem impedir a visão do povo, e não longe do(s) instrumento(s) de acompanhamento.” Portanto, o lugar mais adequado não é no fundo da igreja, acima e atrás da assembléia, no chamado “coro”, como acontecia antes do Concílio, mas entre o povo e o altar, sem nunca dar as costas para o mesmo. Isto, porque o grupo dos cantores e instrumentistas, antes de serem ministros, são parte da assembléia, formam o povo de Deus, e devem estar localizados de tal forma que lhes facilite a participação plena, sacramental, ficando claramente visível que constituem a comunidade dos fiéis, mas com uma função particular.
Sobre o assunto fala com muita propriedade Mauro Serrano Díaz, no livro “Manual de Liturgia II” (CELAM – Paulus, 2005), à pág. 292 e seguintes: “Para a assembléia, não é edificante um coro que não escute a Palavra, não se una a ela na oração e no sacramento, dedicando-se apenas à sua arte.” E ainda: “O coral nunca deve suplantar a assembléia: as respostas ao salmo, a aclamação-hino do “Santo”, as diversas aclamações da Liturgia da Palavra e da Liturgia Eucarística são patrimônio da assembléia.... O coral não é um grupo “vedete”: sua grandeza está no trabalho paciente da formação musical e litúrgica do grupo, assim como na participação assídua na celebração da comunidade.”
Vale a pena citar ainda Julián López Martín, que completa em seu livro “A Liturgia da Igreja” (Edições Paulinas, 2006): “A participação da assembléia no canto é um direito e um dever que não pode ser suplantado por um coral, uma vez que este tem também sua própria função na celebração, a serviço de toda a assembléia.” Nem o grupo deve abafar a voz do povo, nem os instrumentos suplantar a voz do grupo e da assembléia! “Confundindo ministério com palco” é um interessante artigo de Carlos Sider que guardo e agora me vem à lembrança. Confirma ele o que outros autores e documentos da Igreja falam sobre o assunto. O desafio é não se tornar igreja da moda, grupo musical, cantor ou banda da moda, que toca e canta para atrair multidões, muitas vezes mesmo sem a vivência da fé.
O cuidado é não chamar a atenção sobre si, tornar-se o centro, sob holofotes e luzes, dando espetáculo ou show, disputando o espaço com o altar, pois não é aos ministérios em si que Deus dá importância, mas ao coração humilde do ministro, que aprende a servir os irmãos aos pés da cruz. “Os frutos do palco são passageiros. Os frutos do verdadeiro ministério são eternos”, conclui o autor.
Portanto, o grupo dos cantores ou coral faz parte da assembléia dos fiéis, desempenhando porém um ministério litúrgico particular, um serviço especial, o que deve ficar claro, pela sua disposição na igreja e pela atitude e postura dos cantores, formando unidade com o povo e favorecendo a participação e comunhão de todos. Também os instrumentos sejam colocados de tal forma que possam sustentar o canto da comunidade, sendo facilmente vistos e ouvidos. Feliz o grupo de canto que ajuda a comunidade a rezar quando canta!
Ir. Miria T. Kolling
2 comentários:
"mas entre o povo e o altar, sem nunca dar as costas para o mesmo"... Do jeito que está escrito, entende-se que o coral não vdeve estar de costas para o altar, mas em dois livros que li é dito que o coral não deve ficar de costas para a assembleia...
A dúvida continua, mesmo estando próximo ao altar, sendo visível, ao menos, à maior parte da assembleia, os cantores devem olhar para a assembleia ou para o altar ao cantarem??? Devem cantar sem olhar para as feições das pessoas cada assembleia mas somente na direção do altar como faz o restante da assembleia? Ou olhar para a assembleia como faz o padre?
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