foto: Simone Alauk
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Atenta, repreendia-nos porque naturalmente a tratávamos de senhora. Custou-nos, mas passamos a chama-la pelo nome. Como era perto da padaria, a acompanhamos tranquilamente no trajeto até a portaria do prédio onde mora. Mesmo diante da conversa agradável, achávamos que o papo ficaria encerrado por ali.
Engano. Convidou-nos a entrar no prédio e conhecer o seu lar. Confesso que sua atitude tranquila de permitir adentrar no apartamento nos impressionou.
Pense: uma mulher, idosa, viúva, cadeirante, no centro de uma metrópole como São Paulo, recebendo dois rapazes (de certo modo desconhecidos) em sua casa? Inconcebível para os que temem a violência urbana. Não resisti em comentar com ela a respeito dos riscos diante da realidade social.
Pense: uma mulher, idosa, viúva, cadeirante, no centro de uma metrópole como São Paulo, recebendo dois rapazes (de certo modo desconhecidos) em sua casa? Inconcebível para os que temem a violência urbana. Não resisti em comentar com ela a respeito dos riscos diante da realidade social.
Olhando em nossos olhos, sua resposta foi simples: "eu enxergo de longe quem é do bem".
Outra surpresa foi encontrar mais uma pessoa por lá. Era seu amigo hospedado no lar. Um senhor idoso que, inclusive, foi quem abriu a porta do apartamento para nos recepcionar. Ele, militar aposentado do exército, demonstrou pura simpatia e conhecimento de histórias relevantes do nosso país e do mundo. Vale destacar sua memória, que descrevia precisamente datas, lugares, peculiaridades dos acontecimentos e singular relação com o mundo do cinema nacional e internacional. Sim, ir ao cinema é o maior divertimento para ele. Um assumido cinéfilo. Assistir, no mínimo, três filmes por dia! Infelizmente este cínéfilo senhor olhou para o relógio de parede da casa e disse que precisava ir embora. Motivo: cumprir o hábito diário de ir a uma sala de cinema. Com bom humor, de passos mantidos, ele se despediu da gente dizendo: "como sou um vago homem, vou apreciar os filmes. Prazer em conhecê-los!", acenando e fechando a porta.
Entre outras prosas, foi a vez de nos despedimos daquela bela senhora cadeirante que nos acolheu com tanta ternura.
Clayde Formigari e Fernando Nogueira de Araújo; dois personagens reais que passaram pelo nosso caminho, nos revelando o poder do encontro, da amizade. De que o melhor presente que podemos dar a alguém é o nosso próprio tempo. Entre poucos instantes concedidos, revelaram a preciosa lição de que as pessoas nos enxergam na mesma dimensão que nos colocamos à disposição para enxergá-las.
Entre outras prosas, foi a vez de nos despedimos daquela bela senhora cadeirante que nos acolheu com tanta ternura.
Clayde Formigari e Fernando Nogueira de Araújo; dois personagens reais que passaram pelo nosso caminho, nos revelando o poder do encontro, da amizade. De que o melhor presente que podemos dar a alguém é o nosso próprio tempo. Entre poucos instantes concedidos, revelaram a preciosa lição de que as pessoas nos enxergam na mesma dimensão que nos colocamos à disposição para enxergá-las.
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