O que você diria se estivesse numa condição de professor que recebesse menos de 2 salários mínimos, trabalhasse três turnos para aumentar a renda e ouvisse da secretária de educação do estado "não vamos falar da situação precária porque isso todo mundo já sabe" e, ainda, "não podemos ser imediatistas, precisamos pensar a longo prazo"?
Então, a professora Amanda Gurgel deu uma resposta na audiência pública sobre o cenário atual da educação no Rio Grande do Norte. Seu discurso ressoou como um apelo de tantos outros educadores brasileiros:
"São tantas questões a serem colocadas e tantas angústias do dia a dia, de quem está em sala de aula, de quem está em escola que eu queria, pelo menos, sintetizar minimamente essas angústias. Mas, também, como as pessoas apresentam muitos números e, como sempre colocam 'os números são irrefutáveis', eu gostaria também de apresentar um número pra iniciar a minha fala que é um número composto por três algarismos, apenas. Bem diferente dos outros que são apresentados aqui, com tantos algarismos, que é o número do meu salário: um 9 (nove), um 3 (três) e um 0 (zero). Meu salário base: R$930,00. [...] Eu gostaria de fazer uma pergunta a todos e a todas que estão aqui: se vocês conseguiriam, mas respondam se não ficarem constrangidos, obviamente. Conseguiriam sobreviver ou manter o padrão de vida que mantém com este salário? Não conseguiriam. Certamente, esse salário não é suficiente para pagar nem a indumentária que os senhores e as senhoras utilizam pra poder frequentar esta casa, aqui. Não é? Então, a minha fala não poderia partir de um ponto diferente desse. Porque só quem está em sala de aula, só quem está pegando três ônibus por dia pra poder chegar ao seu local de trabalho, ônibus precário, inclusive, é quem pode falar com propriedade sobre isso. Fora isso, qualquer colocação que seja feita aqui, qualquer consideração que seja feita aqui, é apenas para mascarar uma verdade visível a todo mundo, que é o fato de que, em nenhum momento, em nenhum governo, em nenhum momento que nós tivemos em nosso estado, na nossa cidade, no nosso país, a educação foi uma prioridade. Em nenhum momento."
Vale a pena assistir!
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